Pai...
Esta semana é especialmente dificil.muito dificil.
Quero respirar e o ar não passa, sinto um nó na garganta,um aperto forte.
Não consigo desligar-me do dia 11 Agosto /83 Pai... e hoje então por mais que não queira reviver e sentir não estou a conseguir...Foi o ultimo dia que estive contigo.
Esta semana é especialmente dificil.muito dificil.
Quero respirar e o ar não passa, sinto um nó na garganta,um aperto forte.
Não consigo desligar-me do dia 11 Agosto /83 Pai... e hoje então por mais que não queira reviver e sentir não estou a conseguir...Foi o ultimo dia que estive contigo.
Preciso de falar contigo Pai, preciso que me escutes... escrevo pra ti.
Esta madrugada deitada na minha cama e sem sono de olhos fechados vi-me a entrar aos portoes altos do recinto do Hospital dos Covões... nunca mais lá entrei (felizmente porque nao foi preciso), não sei se está tudo igual ou se mudou... havia uns canteiros ou algo assim com plantas verdes,baixinhas. A entrada é pela lateral direita...
Entrámos pra te ir-mos visitar.Havias saido dos cuidados intensivos, estavas num quarto, ao teu lado estavam outras camas com outras pessoas.
Somos recebidos por um enfermeiro que diz estar tudo bem que já estás no quarto a recuperar.
A Mãe entra e é a primeria a abraçar-te.
Dizes-lhe que " estou sem roupa.Estou a chegar ao fim.Já nem me vestiram, sabes?"
A Mãe explica-te que está tudo bem segundo o enfermeiro e que te virão vestir a seguir.
Tu sorris.
Olhas pra mim e estendes o teu braço.
Vou pra junto de ti.Abres os braços e eu deito a minha cabeça no teu peito despido.
Apertas o meu corpito e beijas a minha cabeça.
Dizes-me que sou a tua menina e que gostas muito de mim.
Levanto a cabeça e olho nos teus olhos...estão tão tristes Pai. Tão tristes.
Sorris.Sorris pra não chorar eu sei Pai.
Voltas a apertar-me com tanta força que me assusta. Sinto medo.
Recordo as tuas palavras"...cuida da mãe..." tremo.
Sinto tanto medo.
Quero fugir dali, daquele quarto.
Quero fugir dos teus braços. Quero fugir como se pudesse acabar com aquele sofrimento.
Mas não posso ir.
Fico agarrada a ti e tu voltas a beijar meu rosto.
Voltas a sorrir.
Apertas-me e as lágrimas saltam dos teus olhitos tristes.
Choro então contigo. Sinto que o estou a perder.
Interiormente grito: "Não vás Pai.Por favor não vás.Preciso tanto de ti Pai...por favor.Preciso de ti, ainda tens tanto pra me ensinar Pai!"
Estou agarrada a ti, os teus braços envolvem o meu corpo.Ficaria ali eternamente, protegida por ti.Estico as minhas pernas ao longo da cama e fico agarrada a ti.
Olho pra Mae...está desolada.Olho pro meu irmão V... igual.
Estão tão tristes...porquê?
Esta madrugada deitada na minha cama e sem sono de olhos fechados vi-me a entrar aos portoes altos do recinto do Hospital dos Covões... nunca mais lá entrei (felizmente porque nao foi preciso), não sei se está tudo igual ou se mudou... havia uns canteiros ou algo assim com plantas verdes,baixinhas. A entrada é pela lateral direita...
Entrámos pra te ir-mos visitar.Havias saido dos cuidados intensivos, estavas num quarto, ao teu lado estavam outras camas com outras pessoas.
Somos recebidos por um enfermeiro que diz estar tudo bem que já estás no quarto a recuperar.
A Mãe entra e é a primeria a abraçar-te.
Dizes-lhe que " estou sem roupa.Estou a chegar ao fim.Já nem me vestiram, sabes?"
A Mãe explica-te que está tudo bem segundo o enfermeiro e que te virão vestir a seguir.
Tu sorris.
Olhas pra mim e estendes o teu braço.
Vou pra junto de ti.Abres os braços e eu deito a minha cabeça no teu peito despido.
Apertas o meu corpito e beijas a minha cabeça.
Dizes-me que sou a tua menina e que gostas muito de mim.
Levanto a cabeça e olho nos teus olhos...estão tão tristes Pai. Tão tristes.
Sorris.Sorris pra não chorar eu sei Pai.
Voltas a apertar-me com tanta força que me assusta. Sinto medo.
Recordo as tuas palavras"...cuida da mãe..." tremo.
Sinto tanto medo.
Quero fugir dali, daquele quarto.
Quero fugir dos teus braços. Quero fugir como se pudesse acabar com aquele sofrimento.
Mas não posso ir.
Fico agarrada a ti e tu voltas a beijar meu rosto.
Voltas a sorrir.
Apertas-me e as lágrimas saltam dos teus olhitos tristes.
Choro então contigo. Sinto que o estou a perder.
Interiormente grito: "Não vás Pai.Por favor não vás.Preciso tanto de ti Pai...por favor.Preciso de ti, ainda tens tanto pra me ensinar Pai!"
Estou agarrada a ti, os teus braços envolvem o meu corpo.Ficaria ali eternamente, protegida por ti.Estico as minhas pernas ao longo da cama e fico agarrada a ti.
Olho pra Mae...está desolada.Olho pro meu irmão V... igual.
Estão tão tristes...porquê?
Na minha inocencia via a realidade daquele momento mas queria acreditar que outra existia... que não aquela.
O senhor da cama ao lado diz á mãe que chamaste por nós durante toda a noite...
O enfermeiro entra e pede pra sair-mos que precisas de descansar.
Despedimo-nos e explicamos-te que voltamos no dia a seguir pra te ver...sorris e dizes:
O enfermeiro entra e pede pra sair-mos que precisas de descansar.
Despedimo-nos e explicamos-te que voltamos no dia a seguir pra te ver...sorris e dizes:
"Não.Eu é que vou. Estou a chegar ao fim,eu sei."
Sinto medo e penso: como pode alguém saber que está a chegar o fim?Pode?...ele é o meu Pai e sabe tudo...por isso deve saber.Tremo.
Dói tanto,tanto,tanto.Não pode ser verdade.
Temos que sair .Volto a abracar-te e beijar-te.
Voltas a apertar-me contra ti.
Beijas e abraças todos.
De volta a casa o silencio é total no carro... só caem as lágrimas, penso que todos sabiamos e sentia-mos o pior...
Em casa a noite chega.Deito-me na tua cama ao lado da mãe e a noite parece não passar.
Choro.Sinto vontade de chorar e agarrada á mãe choro...
Sem explicação surge uma horrivel dor de dentes... e choro.
A noite não passa...a sensação de perda apodera-se de mim...
Porquê?
AMO-TE PAI!!!
Por hoje... Eu Tina
7 comentários:
Força Tina! Deve ser difícil relembrares. Um beijo muito grande!!
Chorei ao ler as suas palavras, dói muito a partida de quem mais gostamos, eu sei o que é...
Agora é só recordar os momentos bons e orar por todos os que já partiram para um novo lugar e um dia estaremos novamente juntos...
Resto de um bom dia
Oh amiga, que testemunho, que homenagem bonita.
Queria dizer-te alguma coisa mas hj ao ler este teu desabafo não consigo dizer-te nada.
Beijinhos
Vá lá miga força não te deixes ir abaixo,preciso de ti essa dor ainda está muito funda,respira fundo,dá-me a mão e aguenta-te.beijos.
estou comovida,que palavras tao bonitas!Muita força,onde quer que o teu pai esteja esta a olhar por ti,bjs
linda homenagem...
qdo der um tempinho faça uma visita em
http://www.paulacavequia.blogspot.com
lá vc tb irá encontrar deliciosas receitas, não deixe de participar, de sua sugestão, critica...
Um obrigado muito especial ás vossas palavras amigas.. Tenho muitas saudades sim.
Existem momentos mais dificeis em quem me lembro muito mais,noutros recordo com muito carinho e um sorriso tudo de bom que me deu ...
Obrigado!
Beijinhos
tina
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